quarta-feira, 7 de abril de 2010

VOU PARA DUBAI

VOU PARA DUBAI

Seu corpo esguio, óculos grandes, rosto fino, cabelos quase brancos, quando não tingidos de tinta preta. Anda de um lado para o outro. Sonhos infindáveis e planos permanentes na cabeça. Sonha com o amanhã, com a aposentadoria que julga ser merecedor. Um dia seu genro ensinou que pertencendo a equipe de Edir Macedo, a prosperidade viria com mais facilidade.De católico formal, cursilista e frenquentador de missas dominicais, batizado e casado na fé católica, não teve dúvida em mudar de Igreja, porque como dizia seu futuro genro, não tão futuro, a prosperidade viria. Rios de dinheiro e dólares em profusão. Os planos vieram. E junto os sonhos e até ajudar alguns amigos, como aquele magrinho que esnobava uma blusinha cor de rosa, que ganhou de presente da chefe. Os milhões de dólares não vieram. Aí chegou outro genro, com outra Igreja, que o levou para o RR Soares. Até TV a cabo acabou comprando para seguir os passos de seu novo pastor. Até que um dia o RR começou a pedir dinheiro. E do dinheiro do Edyr também não chegou. Acho melhor é voltar para a velha Igreja Católica, pensou. Um dia fazendo as contas descobriu que estava gastando mais do que ganhava. E aconselhado por um amigo advogado, decidiu dar um basta aos bancos e cartões de crédito. Sempre com o velho adágio: “Devo, não nego, pagarei como puder”. A sua honestidade incontestável trouxe a princípio um grande amargor em seu coração. Sempre honrou seus compromissos. Por mais ginástica que fizesse jamais deixou de cumprir o pactuado. Fazer o que ? Se não tenho ? Meditava com freqüência. Cansou de dizer as cobradoras de telemarketing, que a “Caixa estava tomando todo o seu salário”. Até que um dia, os credores compreenderam sua aflitiva sua situação e deixaram de ligar. Que alívio. Já podia atender todos os telefonemas, sem os aborrecimentos de cobradores indesejáveis. O tempo passou. A crise pior já estava passando, quando pesquisando pela Internet, pensou nos seus antepassados libaneses, e principalmente e na herança de família, que os mais velhos diziam, ainda existir nas ruas antigas de Beirute. E não era pouco. Era muito dinheiro. A herança era imensurável, pensava. Apesar dos olhares incrédulos dos familiares. E cada vez que via as luzes de Beirute pela Internet, pensava nos velhos antepassados já mortos e na herança que deixaram. Começou a meditar, refletir e como um relâmpago a idéia de ir ao Líbano, buscar o que era seu por direito. Como chegar. Quais as companhias aéreas que faziam o trajeto Rio-Beirute ou São Paulo-Beirute. Mas primeiro, precisava arrumar a passagem até São Paulo. Mas isto é fácil, a Dulcinha, que minha única chefe “me arruma a passagem”. “A Joaquina pensa que manda em mim, mas não manda nada”, pensava. Obedeço, é verdade para não criar caso. Mas depois da 18.00 horas eu sou responsável pela Administração. É minha atribuição. É meu cargo. Nem a Dirigente está acima de mim. Depois das 18.00 horas “mando eu”. Tudo isso, em meio aos seus planos de viagem. Até que enfim, surge a Dora, que tem um bom dinheiro para receber do Estado. E a Dora, logo imaginou o que fazer com o dinheiro. “Mandá-lo para Beirute, com conexão em Dubai”, como ele repetia. Quando a Dora mostrou a decisão do Tribunal ele deu um sorriso maroto, debaixo das lentes grossas, e gargalhou com vontade. “Agora, v10.03ou para Dubai”
10.03.10

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