segunda-feira, 21 de junho de 2010

GAZETA DE RIBEIRÃO PRETO

Publicada em 10/6/2010
Società Estilo - HAPPY HOUR
Amir Calilamir.calil@gazetaderibeirao.com.brEm uma happy hour pra lá de animada, a J. Roberto Móveis e Decorações informou aos profissionais de arquitetura e decoração quem foram os ganhadores da Campanha Viagem a Buenos Aires. A nova campanha iniciada no dia 26 de maio tem como destino a futurista Miami.PensamentoValorize suas amizades, demonstre seus sentimentos, mesmo que tenha muito tempo que você não os veja. Isso vale para tudo, mesmo que seja tarde, o importante é que seja dito.LutoA Coluna Estilo está em luto. Perdeu três grandes amigos nos últimos dias. A cabeleireira Hilda Petenessi Azevedo, a engraçada Hilde, cônego Arnaldo Álvaro Padovani, no qual fui muitos anos seu coroinha na Igreja Santo Antonio dos Pobres, e o líder Walter Barillari, uma das forças do comércio local. Nossos sentimentos!Bênção triplaSob os paparicos dos pais, Iakra Bastos e Antonio Augusto Melis Calixto, foi batizada Saskia Bastos Calixto, tendo padrinhos Iassem Bernardes Bastos e Juliana Kanô de Castro. Já os pais Vanda Carvalho e André Cunha escolheram Luciara Junqueira e Guilherme Calil Machado para apadrinhar a linda Iasmim, e sapeca Iago tem como segundos pais Lídia Muradás e Giulio Ressa. Saúde, meus pupilos!

quinta-feira, 10 de junho de 2010

A JABOLANI

A JABOLANI

Você sabe quem é a Jabolani ? A Jabolani é a bola da copa. Ninguém quer. Todo mundo tem que suportar. Ela está sempre presente. É chata, desvia de rota, todo mundo reclama, mas acaba assimilando. Apesar de ser chata, fora de moda, obsoleta é redonda e feita com alta tecnologia. Um momento em que Deus não estava bem humorado. Todo mundo reclama, mas tem que aturar. É uma metamorfose ambulante, como diria o Raul Seixas. Cada dia está de um jeito. O seu humor é variável. Ela serve aos desígnios do Presidente da FIFA, porque todo mundo bate e ele sai ileso e realiza seus desígnios: impor a prepotência, o terror e o autoritarismo. Serve de aparato para pancadas mais fortes. Está sempre carregada de pilha, porque isto é de interesse do Presidente, que não precisa bater diretamente. A Jambolani, com suas formas diversas serve para todos os fins. Encostada num canto empoeirado do mundo, acaba por ser o ator principal. Porque sem ela não existe jogadas ou o próprio jogo. Ela visita o campo todo. É autoridade principal, embora não tenha poder algum. Ela tem suas vítimas prediletas, geralmente um goleador. Ela engana a todos, cada um recebe o tratamento adequado. É boazinha quando quer, mas passa todo tempo enganando as pessoas e o próprio tempo. Ela se julga dona do campeonato mais importante do mundo. Os jogadores passaram a conhecer seus defeitos e nenhuma qualidade. Assimilaram a Jambolani, que não quer sair da linha de pênalti e de preferência ferrar alguém. Do goleiro ao avante, ninguém quer saber da Jabolani. A torcida é que ela vá para Ásia e suma da América. Na América ainda ela estará próxima. O desejo de todos é que a Jambolani permaneça em Marte para testes com seres terrestres e extraterrestres. Todos os produtos em um só. E será um teste definitivo para a vida em Marte, mesmo que em forma de bactérias. Na terra a Jambolani já é uma bactéria mau humorada, feia, perigosa e que todos querem longe. Sempre aporrinhando com seus efeitos e seu elemento surpresa. A Jabolani é assim. Existe em todos os lugares. Tornam o mundo menor, apequenam a existência humana, já que sua vida é cada vez mais pobre. Vive da fofoca, da desgraça alheia. Ela é impiedosa. Não tem amigos. Não confia em ninguém. Sempre só. Construiu muros em torno de si. É uma existência vazia, pobre e mesquinha. Ignora governos, pessoas, estados e tudo que ocorre no mundo. Para Jambolani o importante é autoridade sobre as quatro linhas. Nem o Juiz do jogo é superior a ela. Só o Presidente da Fifa, que acha interessante a existência da Jambolani, porque pode bater sem aparecer e ainda aparece como conciliador e bonzinho. Infelizmente, não temos apenas uma JabolanI, que é o tipo de coisa que existe em todos os lugares . Bate e assopra e o pior dos defeitos: um sabujo perfeito. Sempre que pode corre para os braços do presidente da Fifa. qur a ignora, mas finge que a acolhe e dá a ela mais poderes. Poderes que são importantes para manter os jogadores em campo. Jogar bola é secundário. O importante é mantê-los em campo dóceis e obedientes e mostrar ao mundo, que na copa reina a disciplina, a intransigência e a paz dos cemitérios. E a Jabolani segue impassível diante das tristezas do mundo, com um olhar quase humano prossegue em caminhada na vida, aumentando a cada dia a pobreza em torno de si, impondo com sua presença a discórdia e a descrença no planeta bola.

(antoniocalixto@aasp.org.br) – Rib. Preto, 03 de junho de 2.010.-

segunda-feira, 7 de junho de 2010

A VENDA

Uns doces estranhos na pequena vitrine, caixa de bacalhau e caixa de manjuba, ambas abertas, vários litros de cachaça, uma lata velha marrom com coco ralado, a caixa de madeira no meio de venda era onde se guardava as vendas a vista, coisa rara. um borrador e logo acima os livros de verdade,densos e de capa preta. Um velho móvel com tampas, para venda de produtos a granel. Os dias eram iguais. Os assuntos não variavam. O Palmeiras era o centro. A política local. Depois de cada derrota no pleito eleitoral dizia com otimismo. Só faltam mil dias para as próximas eleições. Amava política, mas não tinha adversário. Ao seu lado uma mulher t aroeira, coberta por uma ética e bondade extrema. As compras eram registradas no borrador. Depois lançadas no livrão. O pagamento anual, sempre na colheita. Não havia inflação. Em dois cômodos, chamados de reservados, sacos fechados e abertos de feijão e arroz, juntos bolas. O balanço anual como dizia o proprietário com sabedoria: “ to comendo e bebendo, tá bom demais, o que sobrar é lucro”. Os mais humildes encontravam amparo e carinho. Dinheiro não era problema. Todos tinham crédito: arroz, farinha, botinas e até pinga. A gente era feliz tirando lascas do bacalhau e comendo manjubas. Tudo fiado, bem a gosto do freguês . O dinheiro que entrava para a pequena gavetinha era miúdo, mas fazia uma grande fartura. A fartura do pão dividido. Os pobres eram tratados com dignidade e iluminados pela bondade serena daquele homem. Cada viajante não se preocupava em vender. Tornavam-se amigos. Estimulavam uma divertida concorrência entre os comerciantes para ver quem comprava mais. Ali a parada, o repouso, o abrigo permanente. O dono do armazém por algum tempo, dirigiu o SAEC, time de uniforme verde, tudo verde, como tingida de verde foi a cidade pelos dois irmãos, um de frente ao outro, num duelo de alegria permanente, de gritos e solidariedade. Espelhos, gorrinhos, meias do “Parmera”. Palmerenses, em sua maioria descendentes de sírios. Estranhamente a colônia italiana era torcedora do São Paulo. Alguns corintianos tradicionais. Santistas da geração Pelé, integravam aquele mundo belo e verde. Nas tardes, os animais amarrados nas guias das calçadas, cervejas quentes, sardinha, óleo e cebola. Um banquete assumido com simplicidade e animação por animados cavaleiros. No centro daquela venda, um ser humano com cara de coração. A palavra não jamais existiu em seu vocabulário. Ninguém saía de seu estabelecimento descontente. Distribuição permanente de tudo. A solidariedade em grandes proporções, inesgotável sempre. Seu primeiro veículo foi uma bicicleta, depois a velha Brasília. Vivia com simplicidade. Encarnava a simplicidade. Curtia a alegria e o luxo das relações humanas. Todos eram irmãos, mais que amigos. Amava e era amado. Foi embora de repente, sem sofrimento. A partida de um justo. No dia que ele se foi – uma procissão de órfãos, com suas lembranças nos pés, na cintura e na cabeça. Cintos, botinas e chapéus cintilavam como lembrança do amigo que partiu de repente. Sem sofrimento, como merecem os bons. O mundo jamais foi o mesmo. Sem querer, deixei de sonhar. Perdi meu ombro de amigo e o irmão quase pai. A estrada ficou vazia, estreita e árida.

Antonio Calixto – Alegriense. Advogado e Professor. Foi deputado estadual constituinte.
(Dedico os rabiscos acima a João Aiub Calixto, o João.)