quinta-feira, 10 de junho de 2010

A JABOLANI

A JABOLANI

Você sabe quem é a Jabolani ? A Jabolani é a bola da copa. Ninguém quer. Todo mundo tem que suportar. Ela está sempre presente. É chata, desvia de rota, todo mundo reclama, mas acaba assimilando. Apesar de ser chata, fora de moda, obsoleta é redonda e feita com alta tecnologia. Um momento em que Deus não estava bem humorado. Todo mundo reclama, mas tem que aturar. É uma metamorfose ambulante, como diria o Raul Seixas. Cada dia está de um jeito. O seu humor é variável. Ela serve aos desígnios do Presidente da FIFA, porque todo mundo bate e ele sai ileso e realiza seus desígnios: impor a prepotência, o terror e o autoritarismo. Serve de aparato para pancadas mais fortes. Está sempre carregada de pilha, porque isto é de interesse do Presidente, que não precisa bater diretamente. A Jambolani, com suas formas diversas serve para todos os fins. Encostada num canto empoeirado do mundo, acaba por ser o ator principal. Porque sem ela não existe jogadas ou o próprio jogo. Ela visita o campo todo. É autoridade principal, embora não tenha poder algum. Ela tem suas vítimas prediletas, geralmente um goleador. Ela engana a todos, cada um recebe o tratamento adequado. É boazinha quando quer, mas passa todo tempo enganando as pessoas e o próprio tempo. Ela se julga dona do campeonato mais importante do mundo. Os jogadores passaram a conhecer seus defeitos e nenhuma qualidade. Assimilaram a Jambolani, que não quer sair da linha de pênalti e de preferência ferrar alguém. Do goleiro ao avante, ninguém quer saber da Jabolani. A torcida é que ela vá para Ásia e suma da América. Na América ainda ela estará próxima. O desejo de todos é que a Jambolani permaneça em Marte para testes com seres terrestres e extraterrestres. Todos os produtos em um só. E será um teste definitivo para a vida em Marte, mesmo que em forma de bactérias. Na terra a Jambolani já é uma bactéria mau humorada, feia, perigosa e que todos querem longe. Sempre aporrinhando com seus efeitos e seu elemento surpresa. A Jabolani é assim. Existe em todos os lugares. Tornam o mundo menor, apequenam a existência humana, já que sua vida é cada vez mais pobre. Vive da fofoca, da desgraça alheia. Ela é impiedosa. Não tem amigos. Não confia em ninguém. Sempre só. Construiu muros em torno de si. É uma existência vazia, pobre e mesquinha. Ignora governos, pessoas, estados e tudo que ocorre no mundo. Para Jambolani o importante é autoridade sobre as quatro linhas. Nem o Juiz do jogo é superior a ela. Só o Presidente da Fifa, que acha interessante a existência da Jambolani, porque pode bater sem aparecer e ainda aparece como conciliador e bonzinho. Infelizmente, não temos apenas uma JabolanI, que é o tipo de coisa que existe em todos os lugares . Bate e assopra e o pior dos defeitos: um sabujo perfeito. Sempre que pode corre para os braços do presidente da Fifa. qur a ignora, mas finge que a acolhe e dá a ela mais poderes. Poderes que são importantes para manter os jogadores em campo. Jogar bola é secundário. O importante é mantê-los em campo dóceis e obedientes e mostrar ao mundo, que na copa reina a disciplina, a intransigência e a paz dos cemitérios. E a Jabolani segue impassível diante das tristezas do mundo, com um olhar quase humano prossegue em caminhada na vida, aumentando a cada dia a pobreza em torno de si, impondo com sua presença a discórdia e a descrença no planeta bola.

(antoniocalixto@aasp.org.br) – Rib. Preto, 03 de junho de 2.010.-

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