sábado, 1 de maio de 2010

É SABADO

Acabo de chegar do Sitio "Santa Maria", única propriedade que tenho, situada no município de Altinópolis, em conpanhia de Sônia. Tento reformar e ampliar a casa há 20 anos. Nunca fiquei de um dia para o e nem pernotei lá. Sou um urbano desesperado, que não aguenta por muito tempo o silêncio. Nada é melhor e mais salutar para a vida do que a conversa com o "caboclo", que na verdade sabe mais e vive melhor do que nós, da pretensa classe média. Digo pretensa, porque acho que a classe média acabou. Hoje temos uma casta de privilegiados e os demais são remediados. O médio sofre mais, porque vive como rico, sem poder. O Trabalhador Rural, que expulsaram das colônias e do campo pelo agro-negócio, transformou-se no bóia-fria da cidade. E àquele remanescente que ficou, ainda assim, vive bem. Na simplicdade de suas vidas, não está preoucupado com Shopping Center, com hipermecados. Vai a compra uma vez por mês e compra uma cesta básica, com algo mais, o que é o suficiente para viver bem e passar o mês, como dizem. Somente chegou lá, a mania do celular. O rapaz, que trabalha comigo há 20 anos, solteiro, que vai e volta, porque sabe que somos sua família, compra um celular a cada dois meses. Cada operadora que não responde ao seu chamado, vende, barganha ou joga fora o celular, por achar que a culpa é do aparelho e não do sistema que é falho. Ainda assim, Zezinho, como é chamado vive melhor do que eu, porque não tem dívidas, não tem conta em banco e sempre tem dinheiro no bolso, com o precário salário que consigo pagar. Sempre um pouquinho acima do mínimo. Porque, na verdade, nem isto posso pagar. Permanece comigo porque tornou-se membro de minha família e tenho responsabilidade pessoal e moral para com êle. Ele faz o seu horário. Na veradade, não fica parado nem aos sábados ou domingos. E quando resolve, vai a cidade em qualquer dia da semana e de bicicleta. Com 60 anos, anda mais de 40 quilômetros sem sentir o mínimo cansaço. Não fica doente, não toma remédio e não sabe o nome de nenhum. Tomam algum remédio que lhe dão sem saber o que quando uma gripe o acomete. Somente ficou doente quando mudou uma vez e teve uma gripe mais tenebrosa do que as anteriores. Não sabe nome de remédio. Não gosta de ser mandado. É o seu próprio patrão. No sítio, êle tem as sua próprias normas. Come arroz, mas não come ovos, ignora verduras e detesta leite. É um rurícola diferente. Gosta da enxada, mas desta se sentir escravo de animais. Porisso até um velho cachorro que apareceu por lá, já sumiu, com sua ajuda. É uma alma pura, que adora crianças. É sempre enganado por um "compadre", que sempre o explorou, vendendo carro velho e não entregando, pedindo dinheiro e não pagando. Mas, tudo isso para ele não representa nada, porque acha que para viver basta o mínimo para ter o seu arroz e feijão. Na verdade, ao invés de aprender, acaba ensinando a gente, que com simplicidade e longe do consumismo, vive-se bem melhor. Talvez seja o sábado o meu melhor dia da semana. Porque é o encontro com as pessoas simples e com a natureza, sempre bela. Uma prosa sem compromisso, que faz o domingo melhor.

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