sexta-feira, 7 de maio de 2010

O MORTADELA


Chegou de mansinho no corrente ano na repartição. É Estagiário. Tem por volta de 16 anos. Não tem cerimônia, trata a todos por você. Como deve ser. É de péssimo gosto de chamar companheiros de trabalho de “Seo fulano” ou “senhor”, principalmente quando palavras soam decoradas e cantadas. Por não ter colocado o senhor ou doutor no antecedente de meu nome , sem cerimônia alguma, já ganhou minha simpatia. Aconteceu com todos. Essa gente, acostumada a dizer “pois não, senhor?"cantado e decorado deveria fazer um curso de relações humanas. O tratamento respeitoso, deve ser usado no momento e nas ocasiões certas. Mas o pois, não senhor....? das padarias chega a soar horripilante. É uma forma de abordagem obsoleta, tal como “em que posso ajudar?” das lojas. É uma falta total de sensibilidade de empresários que se julgam modernos. Não sabem copiar bem. No “Mac Donalds”, até um senhor mesmo de mais de 70 anos é tratado informalmente. Lá todo mundo é chamado de “você”. Somente a caretice brasileira poderia incorporar um tratamento tão formal nas relações de trabalho. É claro, que nós herdamos uma tradição de chamar pais e tios de “Senhor”. E devemos respeitar isso. A meninada de hoje, já superou essas barreiras e a distância entre o pais e filhos. Há mais diálogo, informalidade e amizade. O passado é importante, claro, a memória é importante, claro. Somos o que plantamos e o que fizemos.O Estagiário, tem seu jeito informal de ser, sem nunca ser desrespeitoso. É faminto. Como está em fase de crescimento, come várias vezes ao dia e seu fraco é pão com mortadela. É que fazemos às vezes em nosso trabalho, cotizando ou comprando por conta própria. Refrigerante e pão com mortadela. Mortadela barata por sinal E nada substitui os finais da tarde , porque o àquele lanche, junto com um refrigerante vagabundo tem o sabor da amizade, do companheirismo e do pão divido. É um tempo de mortadela sem tempo de mortadela no dente, como diria escritor. Eliseu, hoje é o famoso “Mortadela”.

O7.05.10 (antoniocalixo@aasp.org.br)

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