quarta-feira, 5 de maio de 2010

A PHOTO

Recebo o “Cuscuzeiro”, de abril de 2.000. O número é 65. O “Cuzcuzeiro” ultrapassando os próprios limites, perpetuando a memória, escrevendo um tempo e inundando de emoções a nossa vida.Vejo a foto. Mergulho na estrada que andei. Constato o sonho que sonhei. As revoluções que não fiz. O espaço que percorri. Tudo torna-se pequeno diante daquela fotografia. A foto, que representa outras fotos, algumas que me vi, ainda menino, não identificado pelo jornal.Ofélia, lembra os filhos que convivi na infância: Sérgio e Sueli. Evidentemente, Salomão Felício, policial sem nunca ter sido. Era apenas irmão do Abud, da Maria, da Nem, do Pacata, irmão de todos. Dr. Nemésio, a elegância, a inteligência, o brilho, de um tempo que tem muitas homenagens a lhe prestar. Lá está, D. Nice, minha professora, amiga, beleza permanente, sintetizando com seu sorriso um tempo de felicidade. Invisível, um menino de óculos chamado Kodai, diferente de nossa geração de pés descalços e uma garota de nome Kátia, também na foto, com um felizardo, o Jamil. A Dona Chiquinha lembra João Aramim, a comunicação mais veloz daquela época, o “correio”, o filho Clodoaldo , Selma, minha professora do grupo escolar, que me resgatou para o mundo, o Marujo, que lá iniciou sua vida, perseguindo seu sonho.Uma rainha pequenina e amada faz a foto mais bela e comovente. É vó Mantura. Mãe de tantos filhos. Mãe de Nem, do Abud, da Maria Abrão, da Nauzura, da Marta, do Salomão, da Marta, do Pacata. A vó da Rita, do Zé, da Pepa, do Ivo, do Toninho, vó de todos de minha geração. Pudim igual e canudos recheados com doce de leite, nuca mais. Tenho o gosto doce de seu doce em minha boca. O seu bingo, nas noites de Santo Antonio da Alegria, era uma festa. E seu café, o melhor do mundo.Alguns partiram desta dimensão. Estão em algum lugar melhor, certamente. Deixam luzes, sonhos, alegria e a riqueza maior, que são as relações humanas. Nada supera o tempo real, vivido como se fosse único, vivido com nossas raizes e com nossa infância, na comunidade de irmãos, que o “Cuscuzeiro”, não nos deixa esquecer. Reparo que a foto não tem data. Também, isto não tem a menor importância. Seus personagens são eternos.

Antonio Calixto – alegriense. Orador da 1ª Turma do Ginásio Estadual “Odon Figueiredo Ferraz”. Presidente da Câmara de anto Antonio da Alegria, com 21 anos. Vereador, Vice-Prefeito de Ribeirão e deputado estadual. É advogado (TEXTO DE 2.000- publicado em “O Cuzcuzeiro”

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