quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

O PRIMEIRO PACOTE DO GOVERNO DILMA

05/12/2010 - 19:3

Por Rodrigo Ávila, economista

A Diretoria Colegiada do Banco Central – da qual faz parte o futuro Presidente do Banco Central, Alexandre Tombini – anunciou nesta sexta (3/12) medidas para conter os empréstimos e financiamentos. O objetivo é reduzir a atividade econômica e assim conter a inflação, que sobe devido principalmente aos preços dos combustíveis e alimentos. Tais medidas significarão a alta dos juros ao consumidor, em benefício dos bancos.

Ou seja: ao invés do governo reduzir os preços administrados por ele mesmo – como os combustíveis – e incentivar uma maior oferta e estoques públicos de alimentos por meio de uma ampla reforma agrária, o Banco Central prefere seguir à risca o modelo de “metas de inflação” e aumentar os juros ao consumidor.

A principal medida do pacote de hoje é o aumento do chamado “recolhimento compulsório”, ou seja, a parcela dos depósitos que deve ser recolhida pelos bancos ao Banco Central. Este “compulsório” subiu de 8% para 12% sobre os chamados “depósitos à vista” (ou seja, em conta corrente) e de 15% para 20% sobre os “depósitos a prazo”, ou seja, aplicações remuneradas pela Taxa Selic, como CDB`s. Com isso, devem ser retirados da economia cerca de R$ 61 bilhões.

À primeira vista, poderia parecer que os bancos iriam perder dinheiro, por não poderem aplicar todos os recursos dos depositantes em títulos da dívida pública, e assim não ganhar a Taxa Selic, a mais alta do mundo. Porém, no caso do compulsório sobre depósitos a prazo (que são remunerados), o banco continua recebendo a taxa Selic, mesmo com os recursos depositados no BC.

Na prática, o aumento dos “compulsórios” reduz a quantidade de recursos disponíveis para empréstimos e financiamentos dos bancos a pessoas e empresas, o que leva a um aumento da taxa de juros, dentro da “lei da oferta e da procura”. Se a oferta de um bem (no caso, o dinheiro) se reduz, os vendedores – no caso, os bancos – irão aumentar o preço deste bem, ou seja, a taxa de juros.

Esta medida já pode ser considerada como o primeiro pacote da presidente Dilma, visto que foi tomada também pelo futuro presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, como uma alternativa à subida da Taxa Selic no final do ano, sob a justificativa de conter a inflação.

Porém, os bancos ganham de qualquer forma, pois receberão juros maiores nos empréstimos a pessoas e empresas, e passarão a exigir taxas de juros mais altas para comprar títulos da dívida interna pré-fixados, ou seja, que não seguem a Taxa Selic.



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