domingo, 3 de abril de 2011

VELHOS AMIGOS E AS NOVAS TECNOLOGIAS. ENVELHECI.

Embora não seja tão adaptado e tenha dificuldades com novas tecnologias. Como advogado fui obrigado aprender o programa Word ou coisa parecida. Tanta bronca que ficava quanto precisava redigir uma petição e pedia para um “expert” em computador. De tanto ficar nervoso com os erros de concordância. Eu também os tenho, mas principalmente com erros primários que seriam lidos pelo juiz, promotor, parte contrária e eventualmente a petição estaria nos Tribunais. Resolvi aprender pelo menos o programa essencial que deu lugar a antiga datilografia. Ficou tudo mais fácil. A minha dificuldade já começou com máquina elétrica. Como sempre trabalhei em lugares com vários assessores, não me precupava. Quando me vi só, senti a necessidade de aprender, até por sobrevivência. Embora saiba perfeitamente as redes sociais, tipo facebook, estão a serviço do capitalismo mais exacerbado e selvagem que existe da chamada globalização. E como vivo nesta selva resolvi aprender um pouco. Hoje, ao procurar velhos colegas de escolas, no facebook, não descobri ninguém. Descobri que envelheci. E não me dei conta. Hoje a minha conexão principal é com os meninos da idade de meu filho. Alguns ex-alunos que me dedicam belíssimas palavras por essa arma poderosa chamada facebook, que em “Rede Social”, ganhou Oscar. Os meus amigos, alguns partiram para uma estrela qualquer ou não se adequaram às novas tecnologias. Não é para menos, que alunos não tolerem aulas e nem professores, ensinando “decoreba” ou “domesticando”, como nos renomados cursinhos. E a OAB faz o favor de rebaixar o nível das universidades, com o "politicamente correto" “exame de ordem”, que é inconstitucional e ilegal (Deveria a OAB preoucupar-se com a proliferação de escolas de Direito, uma abre a cada esquina, como botecos), mas por ser aparentemente moralizador ganha o apoio da sociedade. Serve sim, para enriquecer os donos de “cursinhos”, os mercantilistas da educação. A escola pública gasta milhões com financiadores de campanha adquirindo livros didáticos imprestáveis. Não incentivamos a crítica, o debate, a livre circulação de idéias, a pesquisa. A aula a hoje é como nos tempos de nossos pais e avós, com quadro negro resuminho e tudo. Os velhos professores adotam ainda o método do terror.A reprovação é a forma de se imporem. Não impõem nada, inclusive respeito. Acham que um aluno plugado em novas tecnologias e na cultura da imagem toleram uma aula discursiva sobre Segunda Guerra Mundial, quando se sabe que aprende-se MUITO MAIS em um Laboratório confortável e decente assistindo a “Lista de Schindler”, ou coisa parecida. Estou falando isso, para dizer que envelheci, porque não encontro os meus velhos amigos. Não há tempo para construir novas amizades. Como diz Saramago: “o meu futuro é curto”. Enquanto isso vou absorvendo o que os jovens espontânea e alegremente, que certamente romperão as barreiras do individualismo, do consumismo, do neoliberalismo e do capitalismo selvagem, que tomam conta do mundo.

Antonio Calixto
Rib. Preto, 03.04.11
13.45 horas

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