quarta-feira, 4 de agosto de 2010

CAMISETAS E BRINDES


O articulista Fernando Rodrigues, da “Folha de São Paulo”, apesar de sua reconhecida competência, a pretexto de defender a liberdade de imprensa nas eleições, faz duras críticas a proibição de camisetas nas eleições estabelecidas pela Lei 9.504, considerando um retrocesso. Isto demonstra que muitos teóricos e acadêmicos, que jamais ousariam disputar uma eleição não conhece o Brasil desigual, que hoje ganha da Bolívia e Haiti, segundo a ONU. Diz o articulista, que nada mais legitimo do que as camisetas feitas artesanalmente por candidatos, no fundo de quintal, para que os candidatos divulguem seus nomes. Nada mais absurdo. No Brasil, as camisetas de divulgação eleitoral sempre serviram de vestimentas aos trabalhadores sofridos e injustiçados, que nos períodos eleitorais, ficavam de mãos estendidas nos Comitês na busca daquela ambicionada propaganda. Que vira uma blusa do cotidiano, do dia a dia, independentemente da ideologia, do partido, da “ficha do candidato”. Sempre foi um fábrica que serviu ao poder econômico nas eleições, facilitando o caixa dois e fabricadas industrialmente, enriquecendo ainda mais a industria das camisetas, que eram feitas confeccionadas aos milhares, servindo não a propaganda legítima, mas a compra escancarada de votos. É o famoso brinde pelo voto. Uma camiseta, um voto. a Lei citada, em meio ao atraso do Brasil, que elege ainda os candidatos aquinhoados pelo poder econômico, como sempre aconteceram nas eleições, por inexistência de uma verdadeira reforma política, que priorize idéias e não pessoas, picaretas de TV e até no futebol, que encontram na política, um meio de vida e de aumentarem seus já gordos vencimentos. Não têm caráter, não tem ideologia. A pátria é ambição desmedida, uns trocados a mais. Até o Partido Comunista do Brasil, abriga em seus quadros, gente como Netinho de Paula e o Partido dos Trabalhadores agasalha Frank Aguiar e outros, além das coligações espúrias, visíveis a olhos nu. O PSDB que nasceu em São Paulo, de uma dissidência com Quércia, hoje transita orgulhosamente com o que existe de pior do antigo PMDB, que virou um sigla fisiológica e que só tem tamanho é constitui-se linha auxiliar do governo Lula, no plano federal e linha auxiliar do Serrismo em São Paulo. Contando com o analfabetismo político do povo, o que importa é a eleição, o pós eleição, a divisão de cargos, o butim. Assim, caro Fernando Rodrigues, a Lei 9.504 é um dos poucos avanços da atrasada política brasileira, que veda a distribuição de brindes e camisetas. Mas os políticos brasileiros, já conseguiram um “jeitinho” de driblar a legislação eleitoral, alugam por mês, cabos eleitorais de luxo, nas periferias das grandes cidades e lideranças de cidade de menores e pagam por mês ou mediante cargos em comissão. E assim caminha o País.

04.0810
Antonio Calixto (advogado e professor)antoniocalixto@aasp.org.

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