sexta-feira, 12 de março de 2010

À MEIA NOITE






O filme é da década de 1.940. Não tínhamos nascido. Antes do término da Segunda Guerra Mundial. É simples. Cenários simples, poucos atores, o suficiente para fazer uma obra de arte. O enredo é simples e de uma obviedade ingênua. Logo nas primeiras cenas percebe-se que o estrangulador da tia de Paula, é o marido pelo qual a protagonista se apaixonou em algumas semanas. Volta a morar na Londres dos anos 40, movida a lampiões de gás. Por amor ao marido, venceu o medo de voltar a casa número 9, na Praça de Londres, que pertencera a tia, cantora de ópera famosa, com quem fora criada e não conseguira superar a perda. No mesmo casarão, com jeito de museu, reside com o marido, com Elizabeth, a cozinheira, e com Nancy, jovem e audaciosa empregada. Ao chegarem Paula e Gregory encontram tudo no mesmo lugar. E para evitar as lembranças, o marido sugere colocar e lacrar todos os pertences e quinquilharias ano sótão. não foram encontradas por ocasião do assassinato. O assassino sabia da existência das jóias raras não encontradas por ocasião do assassinato não desvendado. Começa a fazer tudo para que Paula pareça ter perdido a razão, confundindo-a com toda série de artifícios, para que parecesse que perdera a sanidade e Paula realmente passou acreditar que não se lembrava de coisas, que estava confusa e deveria estar mesmo louca. Trancou-a na casa sombria, não permitindo que não saísse de por motivo algum. Uma vizinha bisbilhoteira desconfia que algo estranho estivesse acontecendo. Um homem da Scotland Yard aparece e revisita o arquivo de um dos poucos assassinatos bárbaros não solucionados. É desencorajado pelo seu chefe a ir adiante. Mas segue em frente e acaba por desmarcar Gregory, ao descobrir que entrava pelos fundos da casa, atingindo o sótão, a procura das jóias. Quando acendia os lampiões no sótão, outros lampiões da casa quase se apagavam. Quando voltava de para casa, a luz dos lampiões ganhava força. O barulho. Os lampiões, que acendiam e apagavam, tornavam cada vez pior o estado mental de Paula, que acreditava estar ouvindo sons. Paula torna-se a cada dia mais indefesa as armadilhas do marido que à induz a acreditar que está mesmo louca. O filme é americano, a direção é de George Cukor, a protagonista Ingrid Bergman, conquistou seu primeiro Oscar. Charles Boyer, o marido. Josefh Cotten, o policial, que descobre o assassino, num cenário de contraste de luz e sombra, que simbolizam o jogo mental, do qual Paula é refém. À Meia Luz, é um clássico. Uma obra praticamente filmada em estúdio, baratíssima sem os recursos técnicos de hoje. Apenas Almodóvar com personagens que parecem extraídos do cotidiano consegue fazer filme sem a gastança exagerada das mega produções atuais. Superproduções milionárias, com recursos da computação gráfica, que fazem a alegria dos habitantes do mundo globalizado, exportando violência para os países da periferia, cada vez mais engolidos pelo capitalismo selvagem.

Antonio Calixto – É advogado e professor universitário e professor efetivo em História na rede pública estadual. Foi Vereador, Vice-Prefeito e Deputado Estadual (antoniocalixto@aasp.org.br).

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