quinta-feira, 16 de junho de 2011

ELEIÇÕES MUNICIPAIS DE 2012

ELEIÇÕES MUNICIPAIS DE 2012



Embora as especulações comecem a aparecer, o quadro já está definido. A Prefeita Darcy Vera já é candidata a reeleição, com apoio do PMDB dos Rossi. Todos já confortavelmente instalados nos poderes municipal, estadual e federal. No PSDB apesar de Nogueirinha dizer que pode ser. Não é. Graças ao nome do pai e sua habilidade como homem de situação e esperteza nas alianças com o poder econômico, encontra-se satisfeito onde está. Líder do PSDB, na Câmara Federal e que alguns chamam de Líder da Oposição. Aliás, oposição que há muito não existe no País. E não poderia ser de outra forma. O Governo Lula seguiu à risca o modelo neoliberal de F.H.C., seduzindo o mercado, principalmente os banqueiros nacionais e internacionais. Mais do que FHC, um intelectual, o presidente operário faz palestras para grandes empresários e até aponta soluções. Fiador da política econômica, Antonio Palocci, foi tão cortejado e cultuado pelo mundo globalizado e pelos setores liberais, que defendem o mercado como solução para todos os males. As malfeitorias todas são absorvidas por uma sociedade, que se contenta com o chamado “arroz e feijão”. Educação, saúde, segurança, habitação, desmatamento não têm muita importância em eleições, principalmente quando são nacionais. Não por acaso, há dezesseis anos o presidencialismo brasileiro vive sem traumas. Todos felizes: desde o tubarão até o mais simples trabalhador, que está feliz na construção civil, com prazos de financiamento de imóveis ampliados para 30 anos. E um carro OK na garagem com razoável prazo de 60 meses para pagar. A cultura da corrupção integra a paisagem brasileira. Afinal, “todos são corruptos”, justificam. Voltando às eleições municipais, o candidato competitivo com Darcy ainda é Welson Gasparini .é Candidatíssimo e nome ainda forte, por seu retrospecto de austeridade, honestidade e ética. O Partido dos Trabalhadores é dominado por Antonio Palocci, que deverá lançar um candidato apenas para o “inglês ver”. Também está instalado no atual governo municipal e sua queda no Governo Federal, não abalará seus interesses no âmbito municipal. A Darcy é a candidata ideal, mesmo porque incapaz de alçar vôos maiores e também não pretende. Os atiradores de ocasião, não encontrarão partidos disponíveis.O Gandini, um bom juiz e ótimo cidadão, já foi abandonado pelas feras. A atual prefeita abrigou os “partidos de aluguel”, no elástico e confortável cobertor municipal. O PV e PC do B que são partidos mais sérios, não têm autonomia de para lançar candidatos próprios. Estão presos aos governos estadual, federal e municipal. E adoram. Somente o PSOL poderá lançar candidatos, na tentativa de obter representação na Câmara Municipal, eventualmente coligado majoritariamente com PSTU e PCB e na proporcional, se continuar existindo, já que os votos de legenda em eleição proporcional são importantes. O quadro é este e pouca novidade existe no horizonte, além da propaganda eleitoral sob forma de publicidade oficial, que já começa infestar a cidade. É o quadro. O resto é mera especulação e notícias fabricadas por aqueles que adoram um motivo para existirem no mundo real.







Antonio Calixto – advogado e professor.





Para o jornal “Enfim” – Ribeirão Preto.

CAI A TESE DO 'PIOR DO QUE ESTÁ NÃO FICA"



Cai por terra a tese do “pior que está não fica”




No final de maio a Câmara dos deputados votou e aprovou o novo Código Florestal brasileiro, matéria polêmica que dá licença ao desmatamento e que contou com forte lobby do agronegócio em seu desfecho. Para uma parcela significativa da população de São Paulo, que escolheu votar no palhaço Tiririca, fica a lição que eleição é coisa séria e que as coisas podem piorar, sim
Ricardo Alvarez


Há tempos que o estado de São Paulo vem elegendo deputados bem votados, mas descartáveis. A salada político-partidária inclui neofascistas, pouco éticos, descompromissados e exóticos e, nesta mesma ordem, Enéas, Maluf, Clodovil e Tiririca surgem como exemplos. O que há em comum entre eles? A montanha de votos conseguida caracterizada por uma forma de protesto difusa contra a política eleitoral partidária.

É verdade que candidatos deste naipe existem e são eleitos também em outros estados, mas São Paulo chama mais a atenção pelo peso político e populacional. A capital possui mais de 11,2 milhões de habitantes, quase o dobro da segunda colocada, o Rio de Janeiro, com cerca de 6,3 milhões de habitantes. O estado de São Paulo ultrapassou os 41 milhões de habitantes, mais que o dobro do segundo colocado, Minas Gerais, com 19,5 milhões. Somos 21,6% da população total do país, mas apesar da importância, temos nos notabilizado pelos exemplos negativos nas eleições.



Enéas queria a construção de uma bomba atômica e defendia a aplicação de costumes militares para a sociedade civil. Maluf tem longa história de péssimos serviços prestados á democracia, passando pela participação em governos militares e por sua fama de distância consentida da ética na política. Clodovil chamou a atenção pela decoração de seu gabinete na Câmara e pelo desmatamento em suas terras no litoral paulista, derrubando mata nativa e ganhando multa. Sequer defendia a causa homossexual.

Os três, muito diferentes em suas origens e histórias de vida, ganharam mandatos canalizando o voto do eleitor insatisfeito com o atual estado de coisas. O repúdio chega a ser compreensível: escândalos de corrupção, malversação de verbas públicas e tráfico de influência pipocam continuamente e não são acompanhados da devida punição apesar das provas, que incluem até filmagens.

Recentemente o ministro Antônio Palocci, chefe da Casa Civil, caiu por conta do enriquecimento acelerado de seu patrimônio sem as devidas explicações. Apesar da perda do posto, é pouco provável que se efetive uma investigação séria sobre o caso e alguma medida seja tomada em favor da transparência e da ética pública. O procurador-geral da República já lhe passou atestado de boa conduta, restaria uma CPI. Porém, neste caso, é preciso entender que muito dos acusadores, que dispararam suas flechadas inquisitórias, estão mais preocupados com o desgaste político do governo federal do que efetivamente discordar das perniciosas relações entre a gestão pública e os interesses privados, em especial os partidos mais conservadores e de direita, como o PSDB, DEM e seu entorno.

No mesmo momento o vereador Netinho (PCdoB) em São Paulo é acusado pela Corregedoria da Câmara Municipal de falsificar documentos (notas frias) na comprovação de gastos do seu gabinete. Para o órgão as provas são incontestáveis, mas apesar delas, o vereador é absolvido em sessão plenária, mesmo com os 18 votos favoráveis à investigação, quando eram necessários 28.

Não bastam filmes gravados e provas materiais concretas para romper o corporativismo reinante no miolo do poder público, uma vez que o raciocínio predominante é o da septicemia generalizada, cujas investigações podem alcançar membros apodrecidos em suas funções públicas, mas profundamente vivos e atuantes na fisiologia política. É a velha máxima de que “sabe-se como começa uma investigação, mas não como termina”. A que se fazer justiça aos parlamentares que se posicionam pela ética na política independentemente do governo de ocasião, mas estes são avis rara.

A reação imediata da população, em especial a dos eleitores, é o completo alheamento com as eleições e a política em geral. A eleição do palhaço Tiririca com seus 1,3 milhões de votos, ou 6,35% do eleitorado do estado de São Paulo, é muito significativa neste sentido. O tamanho do repúdio assusta pela dimensão de sua votação, mas na prática pouco representa no interior do parlamento. Quais deputados federais ou partidos políticos olham para o palhaço e enxergam nele a síntese do descontentamento popular? Esta relação não existe e nem mesmo tem sentido, uma vez que enxurrada de votos não foi o resultado de uma ação coordenada de um movimento ou posição política, foi apenas um deboche institucional canalizado na pessoa errada. Pronto, morreu ai. O caudal de votos deveria dotar o seu protagonista de imensa força política dentro do parlamento, afinal de contas sua representatividade é bastante significativa. Deveria ser assim, mas não é.

Se este voto de protesto não se transforma efetivamente em protesto, pouco se aproveita do muito do que nele foi depositado. Vejamos o caso da votação do Código Florestal brasileiro. Tiririca votou favorável às mudanças, junto a outros 409 deputados. 63 disseram não.

Aprovada a matéria na câmara dos deputados fica a pergunta: será que os 1,3 milhões de paulistas que decidiram protestar votando no palhaço defendem as mudanças no Código? Parece-nos que não. Recente pesquisa do Datafolha mostra que 95% das pessoas entrevistadas repudiam a ocupação de áreas de preservação ambiental pela agricultura e pecuária. Quantos destes seriam eleitores de Tirirca? Provavelmente parcela muito significativa.

Como fica o protesto quando o candidato vota contrário ao que defende seu eleitor?

A bancada do agronegócio no parlamento nacional conta com cerca de 200 deputados e 18 senadores, segundo levantamento do MST. Os latifundiários que desejam desmatar, ficar livre de multas, contratar trabalho escravo, expulsar o pequeno produtor de suas terras, grilar novos lotes, dentre outras ações predatórias, prestam muita atenção em quem votam, quais serão os candidatos que receberão apoio financeiro e estrutura para sua campanha. As entidades ruralistas escolhem minuciosamente dentre seus pares, quem os representará no parlamento. O discurso de que ninguém presta e todo mundo é igual, portanto vote em qualquer tranqueira, lá não cola.
Isto não acontece apenas entre ruralistas. Outros setores organizados da sociedade também elegem seus fiéis representantes, como os banqueiros e financistas, industriais, comerciantes, entre outros, formando bancadas de interesses, como a bancada evangélica, bancada da bala, etc.
Este é um dos motivos das dificuldades em se avançar politicamente na solução de vários problemas no Brasil. A maior bancada no parlamento brasileiro deveria ser a dos pobres e miseráveis, mas estes estão pouco organizados para a tarefa de defesa de seus interesses nesta esfera da política nacional, apesar de seu peso e força no conjunto da população.
Fica a lição de que o parlamento não é a panaceia dos males que nos afligem, mas votar em qualquer um em nada ajuda. Recordar é viver. Lembremo-nos do bordão central da campanha de Tiririca em 2010: “Vote por Tiririca. Pior que tá não fica”. Fica sim. Os biomas e a sociedade como um todo vão pagar por esta fatura ambiental de longo prazo, sejam eles eleitores conscientes do voto que deram, sejam eles àqueles que escolheram a patética figura de um palhaço que, dentro do parlamento, vota sem nenhuma graça.

Ricardo Alvarez

Geógrafo, é professor e editor do site Controvérsia







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Controvérsia - www.controversia.com.br



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Assunto: Política - [12/06/2011
21h] - texto nº 9115

Autor: Ricardo Alvarez

Fonte: Controvérsia



Cai por terra a tese do “pior que está não fica”



No final de maio a Câmara dos deputados votou e aprovou o novo Código Florestal brasileiro, matéria polêmica que dá licença ao desmatamento e que contou com forte lobby do agronegócio em seu desfecho. Para uma parcela significativa da população de São Paulo, que escolheu votar no palhaço Tiririca, fica a lição que eleição é coisa séria e que as coisas podem piorar, sim





Há tempos que o estado de São Paulo vem elegendo deputados bem votados, mas descartáveis. A salada político-partidária inclui neofascistas, pouco éticos, descompromissados e exóticos e, nesta mesma ordem, Enéas, Maluf, Clodovil e Tiririca surgem como exemplos. O que há em comum entre eles? A montanha de votos conseguida caracterizada por uma forma de protesto difusa contra a política eleitoral partidária.

É verdade que candidatos deste naipe existem e são eleitos também em outros estados, mas São Paulo chama mais a atenção pelo peso político e populacional. A capital possui mais de 11,2 milhões de habitantes, quase o dobro da segunda colocada, o Rio de Janeiro, com cerca de 6,3 milhões de habitantes. O estado de São Paulo ultrapassou os 41 milhões de habitantes, mais que o dobro do segundo colocado, Minas Gerais, com 19,5 milhões. Somos 21,6% da população total do país, mas apesar da importância, temos nos notabilizado pelos exemplos negativos nas eleições.

Enéas queria a construção de uma bomba atômica e defendia a aplicação de costumes militares para a sociedade civil. Maluf tem longa história de péssimos serviços prestados á democracia, passando pela participação em governos militares e por sua fama de distância consentida da ética na política. Clodovil chamou a atenção pela decoração de seu gabinete na Câmara e pelo desmatamento em suas terras no litoral paulista, derrubando mata nativa e ganhando multa. Sequer defendia a causa homossexual.

Os três, muito diferentes em suas origens e histórias de vida, ganharam mandatos canalizando o voto do eleitor insatisfeito com o atual estado de coisas. O repúdio chega a ser compreensível: escândalos de corrupção, malversação de verbas públicas e tráfico de influência pipocam continuamente e não são acompanhados da devida punição apesar das provas, que incluem até filmagens.

Recentemente o ministro Antônio Palocci, chefe da Casa Civil, caiu por conta do enriquecimento acelerado de seu patrimônio sem as devidas explicações. Apesar da perda do posto, é pouco provável que se efetive uma investigação séria sobre o caso e alguma medida seja tomada em favor da transparência e da ética pública. O procurador-geral da República já lhe passou atestado de boa conduta, restaria uma CPI. Porém, neste caso, é preciso entender que muito dos acusadores, que dispararam suas flechadas inquisitórias, estão mais preocupados com o desgaste político do governo federal do que efetivamente discordar das perniciosas relações entre a gestão pública e os interesses privados, em especial os partidos mais conservadores e de direita, como o PSDB, DEM e seu entorno.

No mesmo momento o vereador Netinho (PCdoB) em São Paulo é acusado pela Corregedoria da Câmara Municipal de falsificar documentos (notas frias) na comprovação de gastos do seu gabinete. Para o órgão as provas são incontestáveis, mas apesar delas, o vereador é absolvido em sessão plenária, mesmo com os 18 votos favoráveis à investigação, quando eram necessários 28.

Não bastam filmes gravados e provas materiais concretas para romper o corporativismo reinante no miolo do poder público, uma vez que o raciocínio predominante é o da septicemia generalizada, cujas investigações podem alcançar membros apodrecidos em suas funções públicas, mas profundamente vivos e atuantes na fisiologia política. É a velha máxima de que “sabe-se como começa uma investigação, mas não como termina”. A que se fazer justiça aos parlamentares que se posicionam pela ética na política independentemente do governo de ocasião, mas estes são avis rara.

A reação imediata da população, em especial a dos eleitores, é o completo alheamento com as eleições e a política em geral. A eleição do palhaço Tiririca com seus 1,3 milhões de votos, ou 6,35% do eleitorado do estado de São Paulo, é muito significativa neste sentido. O tamanho do repúdio assusta pela dimensão de sua votação, mas na prática pouco representa no interior do parlamento. Quais deputados federais ou partidos políticos olham para o palhaço e enxergam nele a síntese do descontentamento popular? Esta relação não existe e nem mesmo tem sentido, uma vez que enxurrada de votos não foi o resultado de uma ação coordenada de um movimento ou posição política, foi apenas um deboche institucional canalizado na pessoa errada. Pronto, morreu ai. O caudal de votos deveria dotar o seu protagonista de imensa força política dentro do parlamento, afinal de contas sua representatividade é bastante significativa. Deveria ser assim, mas não é.

Se este voto de protesto não se transforma efetivamente em protesto, pouco se aproveita do muito do que nele foi depositado. Vejamos o caso da votação do Código Florestal brasileiro. Tiririca votou favorável às mudanças, junto a outros 409 deputados. 63 disseram não.

Aprovada a matéria na câmara dos deputados fica a pergunta: será que os 1,3 milhões de paulistas que decidiram protestar votando no palhaço defendem as mudanças no Código? Parece-nos que não. Recente pesquisa do Datafolha mostra que 95% das pessoas entrevistadas repudiam a ocupação de áreas de preservação ambiental pela agricultura e pecuária. Quantos destes seriam eleitores de Tirirca? Provavelmente parcela muito significativa.

Como fica o protesto quando o candidato vota contrário ao que defende seu eleitor?

A bancada do agronegócio no parlamento nacional conta com cerca de 200 deputados e 18 senadores, segundo levantamento do MST. Os latifundiários que desejam desmatar, ficar livre de multas, contratar trabalho escravo, expulsar o pequeno produtor de suas terras, grilar novos lotes, dentre outras ações predatórias, prestam muita atenção em quem votam, quais serão os candidatos que receberão apoio financeiro e estrutura para sua campanha. As entidades ruralistas escolhem minuciosamente dentre seus pares, quem os representará no parlamento. O discurso de que ninguém presta e todo mundo é igual, portanto vote em qualquer tranqueira, lá não cola.

Isto não acontece apenas entre ruralistas. Outros setores organizados da sociedade também elegem seus fiéis representantes, como os banqueiros e financistas, industriais, comerciantes, entre outros, formando bancadas de interesses, como a bancada evangélica, bancada da bala, etc.

Este é um dos motivos das dificuldades em se avançar politicamente na solução de vários problemas no Brasil. A maior bancada no parlamento brasileiro deveria ser a dos pobres e miseráveis, mas estes estão pouco organizados para a tarefa de defesa de seus interesses nesta esfera da política nacional, apesar de seu peso e força no conjunto da população.

Fica a lição de que o parlamento não é a panaceia dos males que nos afligem, mas votar em qualquer um em nada ajuda. Recordar é viver. Lembremo-nos do bordão central da campanha de Tiririca em 2010: “Vote por Tiririca. Pior que tá não fica”. Fica sim. Os biomas e a sociedade como um todo vão pagar por esta fatura ambiental de longo prazo, sejam eles eleitores conscientes do voto que deram, sejam eles àqueles que escolheram a patética figura de um palhaço que, dentro do parlamento, vota sem nenhuma graça.

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sexta-feira, 10 de junho de 2011

MUDANÇA CLIMÁTICA FREIA PRODUÇÃO DE GRÃOS



Há trinta anos a mudança climática freia a produção mundial de grãos

Os efeitos negativos do aquecimento global sobre a agricultura não são uma perspectiva distante para o futuro, mas sim uma realidade do presente. Em resumo, essa foi a principal mensagem de um estudo conduzido por diversos pesquisadores americanos e publicado na sexta-feira (6) pela revista “Science”.


stéphane Foucart






Ativistas usam máscaras de líderes políticos mundiais durante protesto contra o aquecimento global, na Alemanha

Ao conduzir uma análise retrospectiva da produção mundial dos três grãos mais importantes (milho, trigo, arroz), bem como da soja, David Lobell (Universidade de Stanford, Califórnia) e seus coautores sugerem que a evolução das temperaturas e das chuvas entre 1980 e 2008 tenha causado a redução do rendimento médio mundial dos cultivos de trigo e de milho, em respectivamente 5,5% e 3,8%.

Esses números, apesar de elevados, não devem ser interpretados com uma queda nítida de produtividade, mas mais como uma perda de ganhos, no conjunto do período estudado, de cerca de 23 milhões de toneladas para o milho e 33 milhões de toneladas para o trigo. A evolução do clima há trinta anos de forma geral não teve impacto negativo sobre as culturas de soja e de arroz.

“Trata-se de um trabalho importante, pois é a primeira vez que uma avaliação como essa é tentada em nível mundial”, acredita Jean-François Soussana, diretor científico para o meio ambiente no Instituto Nacional da Pesquisa Agronômica (INRA). Isso é ainda mais importante pelo fato de que as quatro culturas analisadas estão, como dizem os pesquisadores, na base de cerca de “75% das calorias consumidas diretamente ou indiretamente pela humanidade”.

O exercício tentado é complexo: no período analisado, os climas regionais certamente evoluíram, mas também as práticas agrícolas, as variedades semeadas, a quantidade e a natureza dos insumos (pesticidas, adubos), etc. David Lobell e seus coautores observaram, região por região, a evolução das chuvas e das temperaturas durante a estação vegetativa. Em seguida eles utilizaram um modelo de resposta de cada cultura a essas mudanças, para extrair das variações de produção a parte imputável ao clima.
Os resultados variam muito em função das culturas e das regiões. A América do Norte foi a mais poupada, uma vez que o rendimento não foi afetado pelo clima em trinta anos. Já a China e o Brasil viram o rendimento do cultivo de milho perder entre 5% e 10%; a Índia e a França lamentam um prejuízo de cerca de 5% sobre o rendimento de suas culturas de trigo – de qualquer forma menos que a Rússia, que, de maneira contraintuitiva, perdeu 15% de rendimento sobre esse grão. A soja é a mais afetada no Brasil, que, nesse campo, perdeu cerca de 5% de rendimento sobre essa leguminosa, muito importante para a produção animal.
A meu ver, é um dos principais ensinamentos desses trabalhos: perdas de rendimento são constatadas em toda parte, sem distinção de latitude”, diz Soussana, coautor do último relatório do Grupo Intergovernamental de Especialistas sobre a Evolução do Clima (GIEC). “Até agora, pensávamos que os efeitos negativos da mudança climática seriam importantes sobretudo para as culturas da zona tropical. Mas não parece ser o caso.”
Embora seja baseado na análise estatística de dados agronômicos e climáticos que às vezes sofrem de grandes incertezas, especialmente nos países em desenvolvimento, o estudo de Lobell é corroborado, localmente, por análises mais delicadas conduzidas em território francês. Esses trabalhos, dirigidos pela agrônoma Nadine Brisson (Unidade Agroclim, INRA) e publicados no final de 2010 na revista “Field Crops Research”, são “de maneira geral coerentes” com aqueles que acabam de ser divulgados na “Science”, segundo Soussana.

ssa análise observou na França uma estagnação no rendimento do trigo desde meados dos anos 1990. No entanto, este não parava de aumentar desde o fim da Segunda Guerra Mundial.



Uma das causas apresentadas pelos pesquisadores franceses era que os efeitos do aquecimento global começavam a ser sentidos na agricultura cerealista desde os anos 1990, levando a uma perda estimada entre 20 e 50 quilos de trigo por hectare ao ano.



Essa constatação pode ser extrapolada, segundo os autores, para boa parte da Europa. “A perda de rendimento devido à degradação das condições climáticas se soma a outros fatores, puramente agronômicos, como mudanças na rotação das culturas ou a utilização de fertilizantes”, explica Soussana. “Esses efeitos negativos são, no entanto, compensados pelos lucros obtidos graças à melhoria genética das variedades que permite ganhar, ainda hoje, cerca de 100 quilos de trigo por hectare ao ano”. Isso explica a estagnação observada, uma vez que os progressos da ciência agronômica são parcialmente “apagados” pelo aquecimento global e pelos episódios de seca.
Seriam os efeitos do clima sobre a agricultura desde 1980 capazes de permitir que se preveja o que acontecerá nas próximas décadas? “Na verdade, não, pois isso também será função do esforço de adaptação que será feito”, responde Soussana.



Tradução: Lana Lim

(Extraído do Boletim Controvérsia - Editado por Ricardo Alvarez







sexta-feira, 3 de junho de 2011

VOCÊ QUER SER PROFESSOR ?

Você é louca!” “É tão inteligente, sempre gostou de estudar, por que desperdiçar tudo com essa carreira?” Ligia Reis (foto a dir.), de 23 anos, ouviu essas e outras exclamações quando decidiu prestar vestibular para Letras, alimentada pela ideia de se tornar professora na Educação Básica. Nas conversas com colegas mais velhos de estágio, no curso de História, Isaías de Carvalho, de 29 anos, também era recebido com comentários jocosos. “Vai ser professor? Que coragem!” Estudante de um colégio de classe média alta em São Paulo, Ana Sordi (foto a esq.), de 18 anos, foi a única estudante de seu ano a prestar vestibular para Pedagogia. E também ouviu: “Você vai ser pobre, não vai ter dinheiro”. Apesar das críticas, conselhos e reclamações, Ligia, Isaías e Ana não desistiram. No quinto ano de Letras na USP, Ligia hoje trabalha como professora substituta em uma escola pública de São Paulo. Formado em História pela Unesp e no quarto ano de Pedagogia, Isaías é professor na rede estadual na cidade de São Paulo. No segundo ano de Pedagogia na USP, Ana acompanha duas vezes por semana os alunos do segundo ano na Escola Viva.


Quando os três falam da profissão, é com entusiasmo. Pelo que indicam as estatísticas, Ligia, Isaías e Ana fazem parte de uma minoria. Historicamente pressionados por salários baixos, condições adversas de trabalho e sem um plano de carreira efetivo, cursos de Pedagogia e Licenciatura – como Português ou Matemática – são cada vez menos procurados por jovens recém-saídos do Ensino Médio. Em sete anos, nos cursos de formação em Educação Básica, o núsmero de matriculados caiu 58%, ao passar de 101.276 para 42.441.
Atrair novas gerações para a carreira de professor está se firmando como um dos maiores desafios a ser enfrentado pela Educação no Brasil. Não por acaso, a valorização do educador é uma das principais metas do novo Plano Nacional de Educação. Uma olhadela na história da educação mostra que não é de hoje que a figura do professor é institucionalmente desvalorizada. “Há textos de governadores de província do século XIX que já falavam que ia ser professor aquele que não sabia ser outra coisa”, explica Bernardete Gatti, da Fundação Carlos Chagas, coordenadora da pesquisa Professores do Brasil: Impasses e desafios. No entanto, entre as décadas de 1930 e 1950, a figura do professor passou a ter um valor social maior. Tal perspectiva, porém, modificou-se novamente a partir da expansão do sistema de ensino no Brasil, que deixou de atender apenas a elite e passou a buscar uma universalização da educação. Desordenada, a expansão acabou aligeirando a formação do professor, recrutando muitos docentes leigos e achatando brutalmente os salários da categoria como um todo.


Raio X


Encomendada pela Unesco, a pesquisa Professores do Brasil: Impasses e desafios revelou que, em geral, o jovem que procura a carreira de professor hoje no Brasil é oriundo das classes mais baixas e fez sua formação na escolas públicas. Segundo dados do questionário socioeconômico do Enade de 2005, 68,4% dos estudantes de Pedagogia e de Licenciatura cursaram todo o Ensino Médio no setor público. “De um lado, você tem uma -implicação muito boa. São jovens que estão procurando ascensão social num projeto de vida e numa profissão que exige uma formação superior. Então, eles vêm com uma motivação muito grande.”
É o caso de Fernando Cardoso, de 26 anos. Professor auxiliar do quinto ano do Ensino Fundamental da Escola Viva, Fernando é a primeira pessoa de sua família a completar o Ensino Superior. Sua primeira graduação, em Educação Física, foi bastante comemorada pela família de Mogi-Guaçu, interior de São Paulo. O mesmo aconteceu quando ele resolveu cursar a segunda faculdade, de Pedagogia.
Entretanto, pondera Bernardete, grande parte desse contingente também chega ao Ensino Superior com certa “defasagem” em sua formação. A pesquisadora cita os exemplos do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que revela resultados muito baixos, especialmente no que diz respeito ao domínio de Língua Portuguesa. “Então, estamos recebendo nas licenciaturas candidatos que podem ter dificuldades de linguagem e compreensão de leitura.”
Segundo Bernardete, esse é um efeito duradouro, uma vez que a universidade, de forma geral, não consegue suprir essas deficiências. Para Isaías Carvalho, esta é uma visão elitista. “Muitos professores capacitados ingressam nas escolas e estão mudando essa realidade. Esse discurso acaba jogando toda a culpa nos professores”, reclama.
Desde 2006, Isaías Carvalho trabalha como professor do Ensino Fundamental II e Ensino Médio em uma escola estadual em São Paulo. Oriundo de formação em escolas públicas, Isaías também é formado pelo Senai e chegou a trabalhar como técnico em refrigeração. Só conseguiu passar pelo “gargalo do vestibular” por causa do esforço de alguns professores da escola em que estudava na Vila Prudente, zona leste de São Paulo. Voluntariamente, os professores davam aulas de reforço pré-vestibular de graça para os alunos, nos fins de semana. “Os alunos se organizavam para comprar as apostilas”, lembra. Foi durante uma participação como assistente de um professor na escola de japonês em que estudava que Antônio Marcos Bueno, de 21 anos, resolveu tornar-se professor. “Um sentimento único me tocou”, exclama. Em busca do objetivo, saiu de Manaus, onde morava, e mudou-se para São Paulo. Depois de quase dois anos de cursinho pré-vestibular, Antônio Marcos está prestes a se mudar para a cidade de Assis, no interior do Estado, onde vai cursar Letras, com habilitação em japonês.
Entretanto, essa visão enraizada na cultura brasileira de que ser professor é uma missão ou vocação – e não uma profissão – acaba contribuindo para a desvalorização do profissional. “Socialmente, a representação do professor não é a de um profissional. É a de um cuidador, quase um sacerdote, que faz seu trabalho por amor. Claro que todo mundo tem de ter amor, mas é preciso aliar isso a uma competência específica para a função, ou seja, uma profissionalização”, resume Bernardete.


Contra a corrente

Ainda assim, o idealismo e a vontade de mudar o mundo ainda permanecem como fortes componentes na hora de optar pelo magistério. Anderson Mizael, de 32 anos, teve uma trajetória diferente da maioria dos seus colegas da PUC-SP. Criado na periferia de São Paulo, Anderson sempre estudou em escolas públicas. Adulto, trabalhou durante cinco anos como designer gráfico antes de resolver voltar a estudar. Bolsista do ProUni, que ajuda a financiar a mensalidade, Anderson é um dos poucos do curso de Letras que almejam a posição de professor de Literatura. “Eu tenho esse lado social da profissão. O ensino público está precisando de bons professores, de gente nova”, explica ele, que acaba de conseguir o primeiro estágio em sala de aula, em uma escola no Campo Limpo, zona sul da capital. Ana, que hoje trabalha em uma escola de elite, sonha em dar aula na rede pública. “São os que mais precisam.” “Eu sempre quis ser professora, desde criança”, arremata Ligia.
A empolgação é atenuada pela realidade da escola – com as já conhecidas salas lotadas, falta de material e muita burocracia. Ligia Reis reclama. “Cheguei, ganhei um apagador e só. Não existe nenhum roteiro, nenhum amparo”, conta. “Às vezes, você é um ótimo professor, tem várias ideias, mas a escola não ajuda em nada”, desabafa. Ligia também conta que, para grande parte de seus colegas de graduação, dar aula é a última opção. “A maioria quer ser tradutor ou trabalhar em editoras. É um quadro muito triste.”
Como constatou Ligia, de forma geral, jovens oriundos de classes mais favorecidas, teoricamente com uma formação mais sólida e maior bagagem cultural, acabam procurando outros mercados na hora de escolher uma profissão. “Eles procuram carreiras que oferecem perspectivas de progresso mais visíveis, mais palpáveis”, explica Bernardete. Um dos motivos que os jovens dizem ter para não escolher a profissão de professor é que eles não veem estímulo no magistério e os salários são muito baixos, em relação a outras carreiras possíveis. “Meu avô disse para eu prestar Farmácia, que estava na moda”, lembra Ana.
A busca pela valorização da carreira de professor passa também, mas não somente, por políticas de aumento salarial. Além de pagar mais, é preciso que o magistério tenha uma formação mais sólida e, principalmente, um plano de carreira efetivo. “Um plano em que o professor sinta que pode progredir salarialmente, a partir de alguns quesitos. Mas que ele, com essa dedicação, possa vir a ter uma recompensa salarial forte”, conclui a pesquisadora.
Anderson, Ligia, Ana, Isaías, Antônio e Fernando torcem para que essa perspectiva se torne realidade. “Eu acho que, felizmente, as pessoas estão começando a tomar consciência do papel do professor. É uma profissão que, no futuro, vai ser valorizada”, torce Anderson. “É uma profissão, pessoalmente, muito gratificante.” “Às vezes, eu chego à escola morta de cansaço, mas lá esqueço tudo. É muito gostoso”, conta Ana.



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